21 de dez. de 2009

Bike - Quadro e racks

A escolha da bike pra cicloturismo envolve muitos detalhes. Mais do que deveria. Lendo dicas de caras que já pedalaram pelo mundo todo, sempre sugeriram uma bike simples, que você se sinta confortável. Não é preciso a mais moderna, nem a mais cara, nem a mais cheia de tecnologia. Algumas qualidades que devem ser consideradas são a robustez do quadro das peças, a facilidade de manutenção e o conforto. Tudo isso pode ser conseguido com uma bike de 15 anos que está parada na sua garagem. Algumas trocas de peças e uma boa regulada num bikeshop pode ser suficiente pra você dar uma volta ao mundo. Vamos, literalmente, por partes:

Quadro


Trek 3700 ano 2009

Trek 3700: há quem diga que o quadro feito de cromo-molibdênio (cro-moly) é o ideal para cicloturismo, tanto pela sua resistência como pela possibilidade de solda simples (em caso de trincas). As mais famosas bikes de cicloturismo do mundo são fabricadas em cro-moly, como a Surly Long Haul Trucker, a Koga-Miyata Traveller, a Santos Travel Master e a Trek 520. Isso não significa que os quadros de alumínio não sejam capazes de dar conta do recado. Tudo depende do uso que se fará da bike. Os world travellers precisam confiar muito na bike, afinal, estarão pedalando pelos 5 continentes por 2 ou 3 anos sem parar. A bagagem pesada exige que o quadro aguente a tensão. Em casos de trinca, a solda no aço cro-moly é muito mais fácil de se fazer do que no alumínio. Mas esses são casos extremos em comparação a viagem que eu vou fazer.

Aqui no Brasil há de se considerar a dificuldade de se encontrar bikes novas de cromo. Eles simplesmente não existem à venda em território nacional e a importação é extremamente cara. Os cicloturistas brasileiros acabam recorrendo a alguns modelos antigos, vendidos na década de 90, quando esse material foi bastante popular até o domínio do alumínio. Eu mesmo tive uma Trek 850 ano 1995 de cro-moly mas infelizmente o quadro ficou pequeno demais para mim. Vendi ela recentemente, uma pena.

Outro problema com os quadros à venda no Brasil, sejam eles de cromo ou alumínio, é a geometria. Praticamente todos os modelos são voltados para competição/performance seja para terra (MTB) ou asfalto (Road) e suas geometrias não atendem as necessidades de conforto ideais para o cicloturismo. A posição do ciclista deve ser mais "relaxada", ereta, com alternativas de pegada no guidão para não cansar os braços e punhos.

Sendo assim, a não ser que se tenha dinheiro sobrando, pode-se importar um modelo específico para cicloturismo (alguns dos que eu citei acima custam 3.000 libras esterlinas , o equivalente a R$ 8.500,00 aqui, sem contar os impostos de importação). Caso contrário, para a maioria dos mortais como nós, a solução é adaptar mesmo. Uns fazem a adaptação com base em quadros de bike para asfalto (Caloi 10, por exemplo), aproveitando as vantagens das rodas 700c. Outros, como eu, preferem adaptar mountain bikes, também aproveitando suas características, para o cicloturismo.

Comecei a adaptação tendo como base minha Gary Fisher tamanho 21". Rodei com ela por quase dois anos, tanto na cidade e estradas de asfalto, como em trilhas e algumas provas de cross-country. Em se tratando de uma MTB hardtail, a Fisher acabou se saindo razoavelmente bem em todos esses usos. O mais importante é que pra mim ela sempre foi relativamente confortável. As adaptações iriam torná-la ideal para a viagem. Porém, como esse quadro tem a geometria Genesis da Gary Fisher, o chainstay (distância entre o centro do pedivela ao eixo do cubo traseiro) é mais curto que o normal. Percebi que essa medida deixou pouco espaço entre o alforje e meu calcanhar, mesmo fazendo o ajuste para manter o máximo de distância entre eles. Só fui descobrir isso após receber o rack e os alforjes (mais sobre eles logo abaixo). Procurei então por outro quadro, que tivesse uma geometria mais adequada e mais voltada para o conforto. Achei na Trek 3700 as medidas que eu queria. Consegui o quadro e agora a Fisher está na loja pra ser substituída pela Trek.

Rack traseiro


Rack traseiro Tubus Cargo

Tubus Cargo: a marca é reconhecidamente umas das melhores do mundo, com a vantagem de ter preços bastante acessíveis. Li muitas histórias no Brasil e no exterior de gente que teve problemas com racks no meio da viagem, em especial aqueles que usam rebites ao invés de solda. Procurei em vários fóruns e vi que o Tubus era o ideal: leve, resistente, soldado, com ótimo design e fácil de instalar.

Rack dianteiro


Tubus Tara lowrider

Tubus Tara lowrider: o mesmo pode se dizer do Tara, rack dianteiro. Segundo o fabricante, ele deve ser usado apenas em garfos rígidos. Como eu já iria mesmo trocar a suspensão por um rígido, optei por ele. O design é feito para manter o alforje bem baixo, próximo ao solo, de forma a baixar o centro de gravidade e manter a dirigibilidade da bike.

No próximo post, comentarei sobre o selim, pneus e outros detalhes da adaptação. Se você quiser mais algum detalhe sobre os itens que falei nesse post, fique à vontade para enviar seus comentários.

Até mais!

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